29/04/2014

Ad Hominem (1)



Ele fala, pobre hugo mãe
Julgando-se esperto talvez;
Fala, e escreve, e a sua voz tem
O alto timbre da estupidez

E avilta, como um riso bobo
No sossego de um funeral,
Os nomes dos que sem recobro
Fizeram bem o que faz mal.
 
Ler o carequinha aborrece,
No que diz há pouco que agrade,
Mas di-lo como se tivesse
O esmero que ter jamais há-de.

Ah, fala, fala sem sentido!
O que em mim sente está pensando:
Opróbrio há mais conhecido
Que essa incerta voz aviltando?

Ah, poder ser tu, sendo eu!
Ter o teu incómodo desplante,
E o asco disso! Ó idioma meu!
Ó língua ferida! A montante

Não te estropiavam assim!
Suspende os disparates! Tenta
Aprender o grego e o latim!
Depois, educado, inventa!

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